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Mostrando postagens de maio, 2020

29 de maio: Viva as geografias!

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Salve o tempo e espaço que nossos pés percorreram até decidirmos navegar pelo mar da absorção e percepção geográfica do mundo. Salve os tempos que nos atravessaram e atravessam, vidas, corpos, linguagens, discursos, mapas, identidades, culturas, paisagens, enredos. O que nos tocou primeiro para nos portarmos nessa azáfama ao lado dos anticorpos da mãe Terra, renegando, muitas vezes, ações da nossa espécie humana. Quando o prisma do nosso olhar se descortinou do polígono e ficou mais amplo nos sentidos horizontais e verticais. Expandiu-nos. Explodiu-nos. O momento primeiro em que nos percebemos geógrafas e geógrafos. E hoje, salve os instantes inteiros em que cultuamos nossa visão, observação e ação cotidiana movida por esse tornar-se. Nascemos nesse desbravamento e de repente decidimos desenhá-lo, recriá-lo, transformá-lo. Que cultivemos esse fazer de nosso interior para o exterior. Interior do corpo. Interior da Terra. Interior da Terra que passou a ser nosso corpo de forma conscient

O início da querência - escrever bordando naturezas

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Faz um mês. Estou tentando: Plantar rosas Escrever Bordar, crochetar, costurar.   Minhas tias sempre tiveram roseiras lá na roça, desde-que-eu-me-lembro... Rosas Vermelhas, Brancas, Amareladas, Rosa (chamada de Baronesa, a mais cheirosa e linda). Quando pequena, eu as trazia em vasilha d´água. E aqui ficavam até morrer. Esquecia delas. Rosa amarela. Uma das roseiras de minha tia na roça.   Cada momento quero linhar em pano um algo. Ou linhar em agulha - de crochê, de bordado. Bandô, mandalas, colchas de retalho.... Voa, o pensamento em coisas feitas para estar aqui.   As palavras que se misturam na mente, querem e precisam ser lançadas no mundo. Voltar a escrever. Coisas inspiração. Sentar e escrever. Soltar palavras livres e depois achar um propósito para elas.   Parecem versos desconexos mas há um de quê de se juntar. As Rosas. Alinhar em terra as palavras bordadas com jeito de flor. Colocar em palavras o tentar Plantar rosa, bordar rosa, escre

Tabuleiro, sexta-feira, outono de 2017

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A crônica a seguir, é a terceira e ultima parte da sessão POÉTICAS DO SENTIR OU O CORPO EM MISTURA COM O RIO QUE SE ENGOLE. Das palavras que restavam em minha boca, saudade. Último dia de caminhada, e na água que corre, a chuva descia fraca, mas fria, tomando meu corpo já preparado para descer o último percurso da serra. O Espinhaço em tormento. Me perdi na neblina densa, enquanto os chuviscos gelavam minha pele. Sem capa de chuva. Às vezes sem chão. Ao céu entregue. Sobre pedras e chão enlameado teci minha caminhada. Escondendo da chuva que cai. Tinha medo e frio. As dores de dois dias de caminhada assombravam meus pés. E sem perceber, me pus a caminho. Seguindo. Encontrando. Não estava sozinho, ainda que o silêncio habitasse os corações dos que caminhavam comigo. Não estava sozinho. Corria as águas pelas pedras rígidas, descia chuva transformada em cascata. Em córrego. Em rio. Sabe se lá se isso é coisa do destino. No findar da travessia, meu corpo insistia em venc

[FotoGrafiar] o céu tá lindo, hoje

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Fotografia de Valéria Amorim do Carmo, 25/05/2020

Caminhos amazônicos: imaginar, olhar, sentir

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Na coluna "nossa geografia humanista" de hoje, apresento a dissertação de mestrado da geógrafa Juliana Martins Fonseca, intitulada   "Paisagens e imagens amazônicas: caminhos do imaginar, olhar e sentir " , publicada em setembro de 2016 na Universidade Federal de Minas Gerais.  Igarapé - Fotografia de Juliana Martins Fonseca, 2013 O trecho abaixo é um extrato dessa dissertação (pg 78-80): Tinha muito pau memo. No meu caso eu pegava um tanto dessa seringa e ia só picando eles. Só picando assim, eu pegava o motó e ia cortando sem derrubá nenhum. Aí eu vinha aqui e achava um pauzão grosso e jogava em cima e um ia levando o outro para cair tudo. E as ezes tinha hora que você cortava um pau aqui e tinha um cipó lá que puxava um galho laaaá de trás, entendeu? E aí você tinha que dá teu jeito. Pra sair de fora e para aquilo não cair em cima. E nisso eu matei um filho meu  (silêncio) . Bom eu digo que matei assim...  (silêncio) . A Lena estava gestante de sete me

Roda de conversa: Lugar Geopsíquico e Educação Geográfica

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Um Dia da Geógrafa mais que especial no NPGEOH! 💙 Viva a Geografia! O Núcleo de Pesquisa em Geografia Humanista da UFMG tem o prazer de receber a profa. Dra. Juliana Maddalena Trifílio Dias, da UFJF e coordenadora do Grupo GhEnTE – Geografia Humanista–Ensino–Teoria-Experiência, para uma conversa sobre "Lugar Geopsíquico e Educação Geográfica". As inscrições podem ser feitas no formulário eletrônico: https://forms.gle/ePfQPtHABrem8W6Y9 A conversa será realizada por meio de uma plataforma digital. Enviaremos o link para acesso no dia do evento.  Tema: Lugar Geopsíquico e Educação Geográfica Palestrante: Professora Dra. Juliana Maddalena Trifílio Dias, GhEnTE - UFJF Mediação: Valéria Amorim do Carmo, NPGEOH - UFMG Dia: 29 de maio de 2020 Hora: 17h00 As vagas são limitadas INSCRIÇÕES ENCERRADAS

Lapinha-Tabuleiro, quinta feira, outono de 2017

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Este texto faz parte da sessão POÉTICAS DO SENTIR OU O CORPO EM MISTURA COM O RIO QUE SE ENGOLE.  No meio do céu o sol já marcava sua morada, agora já rumando para o poente. Ainda que o vento chiasse forte, atravessando meu corpo, a energia do sol atacava-me, arrancando suor e desgastando minha pele. A trilha aberta, agora com mais de um carreiro, marcava um terreno no qual a elevação aumentava gradativamente, um morro cujo o fim era possível ser visto, e lá no alto, estavam uma pequena construção e um curral. O alcance da paisagem que se espraia em vastidão, dada a limpeza de um chão em que crescia apenas uma pequena relva, era extremamente perturbador. Era preciso chegar no cume daquele morro, e ainda faltava bons bocados de passadas, e após uma refeição o corpo começava a pesar um pouco. Havia enchido o cantil na última parada, nas águas do Parauninha, mas mesmo tendo andado apenas breves minutos, a água já estava terminando, restando pouco mais que alguns goles. Andar em b

Escrever bordando naturezas, por Letícia Moraes!

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Bordemos! O bordar. Segue-se o risco, da mente, do feito. Acompanham-se as cores. A linha vai e se desvai e desfaz e volta e segue. E quem borda. Quem borda se ocupa da mirada. Mirar de olhar e de ir. Ir no caminho marcado e no ritmo feito por si. Si só, mas em conjunto. O bordar é comunidade. É o café passado, é a prosa. É o risco, é o ponto trazido pelo outro. É a companhia da conversa enquanto borda, e da música que se canta. É a risada boa. É o dia. É a noite. Bordam-se flores, casas, mulheres. Borda-se amor, resiliência, luta. Borda-se ancestralidade, o hoje e o que está por vim. Vamos nos ocupar sobre todo o bordar, que perpassa a linha agulha e pano e também a mulher, a vivência, a individualidade e a comunidade, além do que se borda, do hoje e do ontem. Linha, agulha, café e pano. Bordemos! Letícia Moraes, 2020 Fotografia de Letícia Moraes Na coluna "Nossa Geografia Humanista" de hoje, apresentamos o projeto da nossa querida cientista-artista L

Santana do Riacho, quarta feira, outono de 2017

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Esta é a primeira parte da sessão POÉTICAS DO SENTIR OU O CORPO EM MISTURA COM O RIO QUE SE ENGOLE, composta por três crônicas. O sol estava forte, e a estrada nem sempre continha em sua volta árvores grandes para sombrear o caminho. A medida que avançava nos paços, e no chão cascalhento no qual pisavam meus pés, meu corpo começou a ser invadido por um calor intensificado pela subida, enquanto o suor adensava sobre minha pele, cobrindo a superfície já avermelhada pela radiação solar e pelo trabalho de minha estrutura física.  No meio do caminho, paramos em frente a um riacho que rolava sereno pela serra, rumando para o córrego do Riachinho, que cortava mais abaixo, logo no início da estrada. Seu correr despertava estalos entre a sequidão metálica dos sons da paisagem, estourando entre pedras que se amontoavam naturalmente ao longo de seu curso. Paramos para beber água, repor os cantis e as garrafas, muitas já vazias, descansar e aguardar os grupos que vinham atrás, em um pa

[FotoGrafiar] Poeticamente...adjunto adverbial de modo de habitar!...

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Poética – mente... Poética na mente... Brincando habitamos... Na brincadeira a criança habita poeticamente... Brincadeira como forma de habitar... A fotografia como possibilidade poética... Fotografando...o homem habita... Fotografar como forma de habitar... Brincadeira...fotografia e poesia como modo de habitar poeticamente... Brincando com as palavras o poeta Manoel de Barros habitou... A geograficidade é a propriedade de habitarmos poeticamente o mundo... Valéria Amorim do Carmo *Explore mais da poesia desse encontro lendo o artigo: "Por um Habitar Poético – o Encontro da Fotografia  com a Poesia de Manoel de Barros" (CARMO, 2016).

Geografia Humanista na escola - Proj. Cartas ao Lugar

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Na coluna "Nossa Geografia Humanista" de hoje, apresento o projeto desenvolvido pelo professor de geografia Iancey de Lacerda Teixeira. Projeto: Cartas ao Lugar Carta ao Lugar Terra Natal / Vermelho Novo – Minas Gerais Olá minha terra. Gostaria de saber como você está? Aqui, está tudo bem. Oh minha terra querida, quanta saudade sinto de ti. Amada terra, onde nasci, mas não pode me ver crescer. E tu, está como antes, ou muitas coisas mudaram? Porque lembro-me de ti. Você era bem pequena, tinha poucas ruas, onde todos se conheciam. Lembro-me que morava na rua do morro, perto do convento.  Ou tu estás diferente, o que mudou? Fiquei sabendo, minha cidade amada que tu cresceste, e emancipou-se, tornou-se cidade.  Será que ainda me conhece, pois até hoje sinto muita saudade de ti. Minha linda cidade, onde nasci e aprendi a amar desde criança. Nem tu és a mesma, o tempo passou, saiba que nunca te esqueci. Saiba, que eu não queria te abandonar. Não tive

Das avenidas centrais mineiras até o alto dos becos pernambucanos: Um diário de bordo que trança os fios do maracatu por Alice Bessa

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O caminho junto da expectativa de Recife (Escritos avulsos durante a viagem, dias 27 de abril até 29 de maio) Próximo a Itaobim/MG (BR 116) Subir nordeste afora no outono pode revelar paisagens secas e acinzentadas mesmo neste mês úmido (de chuvas frontais recorrentes), algo me diz que houve uma seca avassaladora, um raio de sol é o suficiente para a paisagem ficar cor de palha. Em alguns momentos me deparo com oásis verdes, são as veias férteis do sertão. Alguns paredões esbranquiçados me fazem pensar que há calcário aqui... Mas minhas expectativas de chegada devoram as paisagens reais em muitos momentos... [Bom, sobre as estadias, espero ficar na primeira semana na casa de um amigo no bairro do Recife (mancha central), o Biano; só depois quero ir para a sede, quero sentir a cidade primeira, oras! Ir aos movimentos urbanos e sentir como o maracatu se faz ali, sem influencias das pessoas da comunidade que vivem o maracatu, senão não vou conseguir ter uma visão geral e depois pontualizá