Quando não há como haver escritas...
Hoje seria meu dia de publicar sobre minha pesquisa, minha inspiração aqui no blog, mas não consigo. Não
porque me faltem as palavras, mas é que tá doendo. Mais uma criança negra é
morta resultado de uma sociedade racista, capitalista, patriarcal. Nesse caso
ainda mais é realçada a desigualdade pela raça e classe que a justiça trata as
pessoas em nosso país. Não que antes não soubesse disso, mas às vezes isso nos
vem mais forte, um baque. Foi retirado de uma mãe o direito de ver seu filho
chegar aos 9 anos como o meu.
Hoje as rosas para mim são de luto, são para serem jogadas com lágrimas e revolta em um caixão branco (mais um, até quando?). O bordado e as letras hoje só me serviriam para pedir por justiça e convocar todos à Luta. Luta, que é substantivo feminino, mas que tantas vezes se difere a depender da cor desse ser mulher.
A gente faz poesia e arte de teimosia, para não cair no amargor dos que pregam a morte de alguns e a soberania de outros. Mas há dias que também temos que viver e sentir a dor, para nos lembrar da importância de nossas palavras, estudos e arte para a transformação dessa sociedade burguesa vergonhosa. É nosso dever.
Indico aqui para vocês um documentário que mostra a força das mulheres, as mulheres reais, as mulheres nós que lutam pela sua morada que é retirada delas devido ao querer do capital -"Arpilleras: atingidas por barragens bordando resistências" produzido pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Isso é para nos chacoalhar ainda mais para sairmos do inerte e irmos à Luta.
É isso.
*Link do documentário Arpilleras:
Comentários