Chita saudadeira

Hoje peço licença para falar de outras flores – as Chitas!

Surgidas na Índia sem parecer ser de lá -  tenho aqui que desde sempre foi coisa do meu país Minas Gerais (sou meio orgulhosa de ser mineira, apesar dos pesares históricos e atuais... mas é que é muita beleza em gente, vista, cheiro e comida...). A Chita e o chitão (flores maiores) são para mim a expressão máxima das cores brasis. E mais, são a recordação da melhor época do ano – festas juninas/julinas.

 

Sem cair no estigma de vestir de jeca bem fei (nós é jeca mas é jóia), ela embeleza as barraquinhas de quitandas e comida, as saias rodadas das bailarinas da quadrilha, o lenço no pescoço ou no bolso do bailarino que acompanha a moça, na faixa do chapéu de palha, que é um primor dessa vida em questão de chapéu; ela dá vista ao alavantu e ao anarriê!

 

Eu vim para falar de chita pela saudade....

do cheiro de quermesse,

da cor quermesse,

do quente quermesse.


O gosto da canela que vai no quentão e nas quitandas, o quente da fogueira e da canjica, o povo pulando e levantando poeira. O som, som de gente reunida e se fartando de comer e rir. A criançada fica prosa com as prendas das brincadeiras. Gente tudo elegante devido ao frio, e que no outro dia acorda com cheiro de fumaça e sabor de “quero mais, vamos amanhã na da outra igreja?” A intenção dos solteiros é no correio elegante, ficam andando prosa os jovens, de lado a outro se amostrando... Comemoram-se os santos Antônio, João e José. É fé que exala na alegria de ser festeiro e poder organizar a festa na graça e honra de nosso senhor. Viva Santo Antônio! Vivaaa, Viva são João, Viva!! Viva São José, vivaaa! E dá-lhe prosa. E dá-lhe saudade.

 

Hoje fico com as minhas chitas de casa, comendo canjica e pensando no bom que seria enfeitar tudo de bandeirinha só para honrar e embelezar esse junho que vai triste. Triste pelos não encontros e por aqueles que deixam saudades e vão comemorar o São João de mais longe - ou mais perto dele, a depender da sua crença.

 

Pois Viva os santos tudo, e todos as chiteiras e chiteiros. O São João mora dentro da gente, na alegria do arrastapé que aguarda o amanhecer de rua embandeirada!


Bordado do Grupo Matizes Dumont




Comentários

Donavi disse…
Parabéns, Leticia, pela suavidade de sua escrita!

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