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Mostrando postagens de maio, 2021

Ateliê de escrita | Morangos 🍓

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🍓 Em vermelho tom, fruta não nossa. Nunca vi morango no doce feito na roça. Mas vi na novela. E no programa de culinária. Então para amanhã teremos torta de morangos a ser servida para o chá da tarde com alguém. Uma toalha de rosas. Xícaras de porcelana com flor. Chapéu, tempo leve. Conversa, riso.  Temperatura calma. Chique.  Morangos são sonhos. E ficam lindo ali, enquanto a vivência do real não permite toalha de rosas com amigos. Letícia Moraes 🍓 Ultimamente penso em processos. Vou atrás do fenômeno, escavo a terra, exumo histórias, localizo, analiso e percebo. Fiz assim com uma bandeja contendo vinte morangos comprados a seis reais.  Os mineiros são os maiores produtores de morangos do Brasil.  O Sr. José, nascido em Sertãozinho, Minas Gerais, mudou-se para Pouso Alegre e lá colhe morangos há 35 anos. No seu casamento não teve bombons de morango. O dólar estava alto. Mas, quem come morangos? O Sr. José gostaria de viajar para o litoral em sua lua de mel, mas não pode. No ano em q

Trajetórias em Geografia Humanista - encontro com a Profa. Dra. Amélia Nogueira

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No dia 14 de maio de 2021, o NPGEOH passou uma noite para lá de especial. Tivemos o prazer de receber a Profa. Dra. Amélia Regina B. Nogueira para um bate papo livre que logo se transformou em várias aulas sobre a trajetória da professora e as possibilidades de criação de uma geografia verdadeiramente humanista. Amélia Nogueira, professora da UFAM, nos brindou com um relato da sua trajetória que se entrelaça com a configuração da geografia humanista brasileira, passando por diversas universidades e pelos seus encontros com outros membros da área. Seu trabalho com mapas mentais revelou um uso da metodologia para compreensão e síntese dos conhecimentos do povo que vive os rios e as matas no seu cotidiano. Nesse sentido, demonstrou como sua geografia humanista se faz a partir da consideração da vivência das pessoas e perpassa tudo o que essas vidas trazem: os embates e lutas cotidianas, os conflitos que se estabelecem onde quer que haja povo conhecedor de mundo em resistência contra a pre

Diário a bordo do ápice outonal na lua nova de silêncio.

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A água do ar se espalhou em partículas de alta pressão. A palavra que soa boa disso tudo é: doar.   A umidade se foi acima, baixo, leste, sul, oeste e norte. É bom que tenhamos guardado gotículas dentro. É tempo de seca. Aqui, pelo menos, não se congela o que se resta de umidade. Ainda assim se sente cada grau dessa pressão nas veias e articulações. O ápice outonal esta entre a última lua cheia e a lua nova de hoje. Entretanto esse fulgor introspectivo combina mais com a saudosa lua nova a que nos encontramos. No hemisfério sul, acabamos de passar pelo Samhain (lê Souin), ritual em que se comemora o dia das bruxas. Pouco se ouve disso aqui, mas é como usar gorro natalino no verão tropical que se celebra esse dia no outubro sulino. Ter uma sazonalidade eurocêntrica é um blefe tão cego para quem existe aqui. Essa cegueira naturalizada me incomoda.   Aqui é ser-tão. Resistiremos e reexistiremos.   Há uma necessidade geográfica de fazermos a transmutação. E assim vamos mudar a ordem scho