AMOR À TERRA - crônicas geográficas

Abrimos hoje não apenas uma nova porta, mas, também, uma janela no blog do NPGEOH. Acreditamos que o espaço geográfico é um personagem fixo em nossas histórias, e o registro dos momentos em que ele se revela interagindo ativamente nas ironias da vida é uma forma de imortalizar a Geografia de forma lírica e, principalmente, humana.

"Crônicas geográficas", a Geografia em nosso cotidiano. Debruce-se nas janelas do NPGEOH e aproveite a paisagem, a nossa história só começou.


AMOR À TERRA


O toque de uma folha. Uma lembrança, uma identidade, várias histórias que se encontram. Existem paisagens que se tornam lugares, paisagens que não precisam ser vistas para serem admiradas. 

Meio segundo, talvez um pouco mais, um pouco menos. Uma amoreira não tem nenhum cheiro que eu saiba reconhecer, mas, aparentemente, me aventurei entre seus galhos o suficiente para a ponta de meus dedos me forçarem a virar o rosto na direção da pequena árvore na calçada de um não-lugar.

O sabor da ansiedade de provar uma lembrança. Me delicio com amoras que nem rosas chegam a ser, mas que, um dia, já mancharam minha face de um magenta sanguíneo. 

Viajo. Não só pelas ruas, com passos curtos, mas pelos campos, sobre quatro rodas.

Relendo histórias, revendo fotos, vivendo nas memórias, deixando de criar novas, deixando de viver o agora. Desde quando uma tela brilha mais que o Sol pela janela?

Mente criadora. Tem amor no mundo pra quem souber olhar.

Cavalos, vacas, o verde que eu sei que está do meu lado. 

Não é surpresa. O caminho é novo, mas o bioma é o mesmo, sei que esses arbustos são os mesmos que me guiavam para os pés de jambosa que eu era pequeno demais para alcançar as frutas. 

Espaço, território, paisagem, lugar. Posso não saber defini-los, mas eles me definem. 

Os dedos seguem os olhos, que buscam algo que eu não sei, que não só observam, mas, também, estudam o desconhecido reconhecido. 

Estradas que não significam nada, mas remetem ao asfalto que se tornou caminho.

Paisagem que se torna lugar. Local que se torna território. Espaço que se torna meu. Eu, que me torno algo maior que qualquer região possa limitar. 

“O que você vê abaixo do seu campo de visão?” 

Antes de ver, sinto. Sinto o que não sei classificar, mas que reconheço tão facilmente quanto a asperidade de uma amoreira.



(Crônica por Oliver Amin)

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