[Em diálogo] Academia x mundão**

 **Esse texto é uma criação coletiva de alguns membros do grupo: Alice Bessa, Aline Nogueira, Iancey Lacerda, Ivo Venerotti, Matheus Rodrigues.

 - Gente, um desabafo. Quando eu acho que está tendo algum avanço minúsculo na Geografia Humanista com relação a sensibilidade social, preocupação de gênero, etnia etc. vem o...

- Ah... Essa falta de pé no chão aí não é bom ter não. Concordo com você demais. Poesia tem de ser bresthiana, boaliana. Poesia é luta. Me irrito muito com poesia cega, acomodada...

- Justamente.

- E gente, isso me dá muito preguiça na geo humanista viu. Aproveitar essa deixa. Mas na real essas pessoas que não percebem que humanidade é também sociedade e acham que fazem geo humanista. A análise interior é linda maravilhosa de dentro pra fora então Ú! Maravilha. Mas aí depois que você abre o olho pro mundo tem a sociedade. Pra que negar isso? Negar isso é fascista.

- Essa geração gosta de lacrar. A lacração é a miséria do pensamento.

- Infelizmente isso passou pela minha cabeça: o que traz junto o pensamento de Heidegger?

- Não concordo com o cancelamento também não. Humanismo. Ação reação. Com certeza até chegar nessas ideias encontrou muita gente... Já vi vários trabalhos esquisitos nessa geo humanista... Tem toda umas gentes em volta.

- Pois é gente, tem que ter raiz profunda pra ir nas ideia desses eurofascista e não afogar na areia disso.

- Não acho que tem de cancelar, aliás cancelamento é siamês da lacração.

- O que está acontecendo com o mundo gente?

- Ai gente, lendo tudo isso, só consigo sentir preguiça. Tô sem forças pra rebater, sem forças pra pensar nesses "humanistas" e sem nenhuma vontade de pensar ao lado deles. Tô percebendo uma apropriação do humanismo por pessoas que sequer passam perto dele. Fingem ser humanistas, mas ao final do dia... humanismo passa longe.

- É. Isso a gente chora tem tempo. Não esqueço de um papo do tal de ... no bar. Dizendo que a gente não precisa ser para estudar algo, que temos que tomar cuidado com a redução lá do caminho fenomenológico... lembro de pensar que fazer algo sem se envolver é oco. Não sou oca. Enfim, eu acredito demais na geo humanista. Na fenomenologia, mas tenho que concordar com a crítica da geocrítica de que reproduz o fascismo. Não deveria ser e nem acho que a linha é tão tênue assim; o problema são as pessoas. E claro, super enfermas nesses tempos de sermos enfermos. Nem as culpo tanto.

- Tinha uma mulher na plateia que também que falou sobre o caminho do nordeste até chegar em Diamantina; as dores, escassez; desocupações; desmatamento e realidades escravas; e que foi 'cancelada' no meio da fala... Rs acho que desencadeou muita coisa em mim. Mas enfim; são essas e outras que me empreguiçam. Ver sempre o lado 'romantizado' das coisas.

- Os problemas práticos vão existir em qualquer âmbito do horizonte do pensamento em que se insere. A questão não é a geo humanista. O campo é o que fazemos dele...

- Mas não nego que estou pensando em me afastar... Meio que na verdade, assumir o que já está acontecendo né.

- Não sei bem viu. Você mesmo já pintou alguns problemas da geografia humanista e sua fundação e tals.

- Eu acho q as coisas tão aí, a gente vai pra onde nosso pensamento está agora. Se não for esse campo, qual vai ser? Quais nossas possibilidades e limites? Quando a gente busca nossas aliadas e aliados pro diálogo e pro entendimento do mundo, quem são? Tá fora das possibilidades da geo humanista? Preguiça eu tenho também de muitos trabalhos em muitos campos...

- Nenhuma abordagem faz o "check list" das pautas sociais e pessoais. O reacionarismo bate ponto em vários âmbitos. A origem da Geo. humanista tem problemas e potencialidades. Cabe-nos construir outras fundações, estabelecer outras pontes. Tenho certeza que a abertura que a Geo Humanista proporciona não há em nenhum outro lugar.

- Meus aliados hoje são vocês, o Rafa, a Amélia e a Val.

- Isso aí. Pra mim passa por mandar a real. Vamos fazer outro trem... Chamar outras aliadas pra conversa. 

- Mas algo que tenho pensado muito é, qual o caminho do NPGEOH? Qual o caminho nosso enquanto integrantes?  Continuar assim ou transformá-lo em maior no sentido de ter sua própria revista... ultrapassando os limites territoriais de Minas ... E enfim... Das galáxias do estômago.

- A gente lançar mão desses incômodos nossos e fazer um trem diferente, pode levar a uma outra geo humanista.

- Sim. E penso que precisamos de mais espaço nas universidades. Eu gostaria de ser orientada por um de vocês por exemplo, oficialmente. Andar com quem acredito. Fazer o que acredito.

- Esse é o desejo que faz o caminho.

- Amei. Então, vi a foto de participantes do Diálogos e ele não foi só um encontro regional.

- Eu acho que ficar na deriva dos campos de pesquisa, achando ruim esse porque ele tem muita coisa ruim mesmo, depois indo praquele mas que também tem e assim vai.... essa deriva é uma sabotagem, porque pra conseguir ocupar a academia e fazer diferente a gente tem que tá num campo fazendo nossas pontes. Uma questão estratégica mesmo.

-

- Sim. Então, eu penso que qualquer campo que eu for eu levarei a geo humanista comigo. Gente eu curto muito. Pra mim ela é mais realista por partir do indivíduo. Penso que o encontro dela com o social pode ser muito bom e não só pela questão acadêmica. Pela ação mesmo na sociedade de forma mais justa.

- Eu quero muito ver esse seu encontro na academia porque na vida acho que você já faz.

- Vocês são meus orientadores acadêmicos. Segura essa responsa aí.

- Aliás, minha gente, nosso processo no NPGEOH já tem tomado outros caminhos. E podem ser ainda mais diversos se cada vez mais gente assumir. Mas não dá mesmo pra esperar que a outra pessoa faça pela gente o que a gente quer...

- Sim. Se um dia passar num mestrado, alguém me quiser né, porque eu devo ser a pessoa mais nada a ver da academia possível, já entendi. Aí posso tentar ter alguma voz e aprofundar nessa acreditação minha nas academias também. (Meu signo é câncer mesmo, kkk real)

- EU QUERO

-To pensando aqui que os alunos do socioeducativo chamavam fora da cadeia de "mundão" e de dentro da academia acho que tem tudo a ver usar o mesmo termo rsrsrs. Academia × o mundão.

 

Eu passarinho do amarelo - Fotografia de Alice Bessa (10/07/2013)

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