Geografia Humanista na escola - Proj. Cartas ao Lugar

Na coluna "Nossa Geografia Humanista" de hoje, apresento o projeto desenvolvido pelo professor de geografia Iancey de Lacerda Teixeira.

Projeto: Cartas ao Lugar

Carta ao Lugar

Terra Natal / Vermelho Novo – Minas Gerais
Olá minha terra. Gostaria de saber como você está?
Aqui, está tudo bem.
Oh minha terra querida, quanta saudade sinto de ti. Amada terra, onde nasci, mas não pode me ver crescer.
E tu, está como antes, ou muitas coisas mudaram?
Porque lembro-me de ti. Você era bem pequena, tinha poucas ruas, onde todos se conheciam. Lembro-me que morava na rua do morro, perto do convento. 
Ou tu estás diferente, o que mudou?
Fiquei sabendo, minha cidade amada que tu cresceste, e emancipou-se, tornou-se cidade. 
Será que ainda me conhece, pois até hoje sinto muita saudade de ti.
Minha linda cidade, onde nasci e aprendi a amar desde criança. Nem tu és a mesma, o tempo passou, saiba que nunca te esqueci.
Saiba, que eu não queria te abandonar. Não tive culpa. Espero regressar um dia, para matar a saudade que sinto de ti.
Olá terra amada. Aqui vai um abraço de uma pessoa que nunca te esqueceu.
Espero te encontrar, brevemente
10 de Junho de 2019
Aparecida Maria das Graças

O projeto “Cartas ao Lugar” surgiu em 2017, devido a necessidade da compreensão das categorias de análise geográfica de alunos do 9º ano do Ensino Fundamental da Escola Estadual Britaldo Soares Ferreira Diniz – BH. O uso das cartas como linguagem foi essencial para descrição e compreensão das categorias de análise percebida pelos alunos. Diante de singelas escritas, foram surgindo cartas com profundos sentimentos, descrições melancólicas sobre a paisagem e o lugar. Muitos descortinaram seus sentimentos ao descrever a memória afetiva na escrita da carta. As cartas ao lugar me permitiram acessar o mundo-vivido desses alunos. O projeto continua, e em 2019 as categorias de análise foram retratas nas Cartas ao Lugar com os alunos que (re)tornam, a Educação de Jovens e Adultos – EJA, no qual o Lugar descrito, foi a saudade. A maioria dos alunos imigrantes, precisaram deixar seu lugar para sucumbir ao trabalho das grandes metrópoles. Nenhuma carta é igual, todas perpassam na percepção dos alunos como seres-no-mundo, mas, todas são carregadas de afeto, memória e identidade.

“Isso que sou agora insinua algo que agora, atualmente, não sou, mas que se tornará atual no futuro. E isso que sou agora, atualmente, já o era antes, mas não atualmente.(...)” (Stein, 1931/2003, p. 60).
Para saber mais informações sobre o projeto, entre em contato com o professor Iancey de Lacerda Teixeira por aqui! 

Comentários

Valéria Amorim disse…
Que projeto lindo, Iancey... parabéns

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