[FotoGrafiar] Ao Mestre no espelho...
[por Valéria Amorim do Carmo]
2 de julho de 2016
Ao Mestre no espelho...
Prezado José,
Certo dia estando em
ótima companhia na cidade de Limeira recebo de repente uma pergunta inesperada:
que é uma fotografia? Como um encontro inesperado na sombra, assusto e me
calo...
Recobrada parte da
consciência, arrisco uma resposta pronta que estava guardada em algum lugar,
engomada e cheirando a mofo. Certamente aquela resposta psicografada chega
vazia de significado, mas não de intenção. O vazio me revela a ausência de algo
que deveria ser grande. Cumpro apenas o papel de intermediário de ideias que
não foram e nunca serão minhas. Idéias maquiadas por um dito e erudito rigor
científico em que me criei, mas que não cabe mais em mim.
Parto em busca de um
sentido autêntico;
aquele que me põe a pensar o pensamento dentro do qual passei a habitar e que
se transmutou em lugar. Nesta viagem que encaro como ontológica busco pela
"raiz do problema". Cercada obviamente de incômodos, me vejo diante
de um combate interno que busca pelo grito de uma fala silenciosa que, até
agora, insiste em permanecer calada.
Preciso começar de
alguma maneira a colocar essa fala em "alto e bom tom" para que seja
ouvida, no mínimo por mim, pelo menos para começar, pois ouso dizer que nem
mesmo eu sou capaz de ouvi-la.
Começo pela escrita,
mas ainda angustiada pela dificuldade de encontrar o meu fio da meada. Decido
que a própria fotografia servirá de minha guia.
Atenciosamente,
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